Naturistas: projeto para aumentar segurança na Praia do Abricó é reapresentado na Alerj

Postado em 8 de fevereiro de 2018 por

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RIO — Esperança para frequentadores da Praia do Abricó, Zona Oeste do Rio, o projeto de lei que promete mais segurança para o ponto de naturismo foi reapresentado pelo deputado estadual Carlos Minc (PV) e aguarda para ir a plenário na Assembleia Legislativa estadual (Alerj).

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O texto, que chegou a ser reprovado pelos parlamentares em dezembro do ano passado, determina a permanência de agentes públicos e de sinalizações nas áreas de naturismo do estado para manter a ordem e coibir comportamentos inadequados. Segundo banhistas, muitos não respeitam o código de ética dos praticantes.

O texto de 2015, que aguardou quase seis anos para ser votado e foi reprovado em dezembro por 24 votos a 22 e, assim, arquivado, sofreu comentários considerados preconceituosos pelos naturistas. Agora, o projeto aguarda parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de ser debatido novamente pelos parlamentares da Casa.

— O naturismo é uma filosofia, com mais de cem anos, de se estar em conexão com a natureza. Em nada tem a ver com policiais trabalhando pelados nas praias. O projeto diz que elas precisam ser sinalizadas, com apoio de agentes de segurança que já atuam nessas áreas. Reapresentamos o projeto e no Plenário vou tentar explicá-lo mais claramente combatendo esses argumentos falaciosos. Tudo que foge à caretice provoca a ira dos conservadores — afirma Minc.

Durante a votação do projeto de lei na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL) afirmou que a atuação de militares “aflige a masculinidade” e que “observar os potenciais meliantes nus não condiz com a atividade policial”. O parlamentar também destacou, durante votação em plenário, que seria uma ofensa submeter o PM “a uma posição vexatória de ter aulinha para ver gente pelada na praia”. Para Pedro Ribeiro, de 62 anos, presidente da Federação Brasileira de Naturismo e secretário da Associação Naturista de Abricó, a declaração é “lastimável”.

— Estou tentando entender até agora o que o deputado quis dizer. Será que, na avaliação dele, policiais militares poderiam ‘se encontrar’ aqui dentro e descobrir outras preferências. Achei de mau gosto os comentários feitos, preconceituosos. Queremos respeito — diz Pedro.

Para quem frequenta o local, como a psicóloga Zilda Rodrigues, de 43 anos, é lamentável a avaliação equivocada que muitas pessoas fazem. Trabalhadores da Praia do Abricó concordam.

— As pessoas confundem liberdade da nudez com liberdade sexual. Não é uma praia livre de tudo, é uma praia com regras. Ter a presença constante da Guarda Municipal ou da Polícia Militar aqui inibiria atos inadequados, como assédio, abordagens desrespeitosas e atos libidinosos. Nós tentamos orientar e controlar a situação, mas nem sempre é possível. Queremos famílias aqui, entendedores do naturismo — diz o barraqueiro Glauber Pereira, de 39 anos.

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Procurado, o deputado Rodrigo Amorim argumentou que há questões morais, já que “nem mesmo os nudistas costumam gostar da presença de pessoas vestidas”, e administrativas. “Num passado recente, sacrificávamos a folga de milhares de policiais para que eles dessem segurança a mega shows na orla com patrocinadores riquíssimos. Mas se destinarmos efetivo exclusivo para tomar conta de nudistas, abriremos um precedente. Querem ficar pelados? Contratem segurança privada”.

O texto da lei aponta que os agentes públicos deverão receber treinamentos específicos para o exercício de suas atividades, sendo ouvida a associação de naturistas local nesta qualificação. Além disso, o Poder Público deveria garantir a permanência de agentes públicos em dias de maior movimentação. Por fim, a lei ainda coloca a obrigatoriedade de sinalização adequada identificando e orientando como locais destinados aos adeptos a prática do naturismo.

A Praia do Abricó é a única praia naturista da cidade do Rio de Janeiro, localizada dentro do Parque Municipal de Grumari. Liberada oficialmente há 17 anos para a prática, estende-se numa faixa de cerca de 250 metros de areia. Segundo a associação, as visitas devem ser realizadas preferencialmente aos sábados, domingos e feriados, quando representantes do grupo estão no local para garantir a segurança e monitorar o comportamento dos banhistas. Nesses dias, a nudez é obrigatória, ao contrário dos outros dias da semana quando os banhistas podem frequentar a praia com trajes de banho.

Além de Abricó, outras duas praias seriam beneficiadas: Praia Brava, em Cabo Frio, e Olho de Boi, em Búzios, ambas na Região dos Lagos.

— As duas, porém, não contam com uma associação e sofrem com os constantes roubos e furtos nas areias e trilhas — afirma Pedro.

Os empresários Ana Claudia e Rodrigo Oliveira moram em São Paulo e aproveitaram uma conexão do voo para Maceió (AL) para ir à praia.

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— Já frequentei aqui antes, mas sempre sozinho. Concordo claramente com a aplicação das regras. Não se pode achar que naturismo é sinônimo de libertinagem. Mas graças a Deus não vi nenhuma atitude contrária à lei. Até comentei com os meus amigos de São Paulo sobre a segurança de frequentar Abricó — conta Rodrigo.

Em nota, a Guarda Municipal alega que mantém o patrulhamento rotineiro na Praia do Abricó com ações realizadas a pé e com apoio de veículos para a fiscalização do código de posturas. De acordo com a corporação, independente do resultado do projeto de lei na Alerj, o serviço será mantido. Já a Polícia Militar informa que o policiamento é projetado em cima das manchas criminais locais e que a região “é uma praia pequena, de acesso restrito aos praticantes do naturismo, cujo número de frequentadores é menor em comparação a outros trechos, e que apresenta baixos índices de criminalidade”.

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Via Yahoo, editora N

Equipe OS NATURISTAS

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Fonte: Os Naturistas

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